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Jogando um Bolão

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Por Gloria Faria (*)

gloria faria 2019A oitava edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino está ocorrendo na França entre os dias 7 de junho e 7 de julho deste ano, com a participação de seleções de 24 países.

A seleção brasileira teve sua primeira partida, contra a Jamaica, em que Cristiane marcou três gols, que deram a vitória de 3x0 sobre as caribenhas[1]. Do trio veterano, formado por Marta, Cristiane e Formiga, somente a primeira esteve ausente na partida, em virtude de uma lesão. Depois do resultado negativo no segundo jogo contra as australianas, a reação das brasileiras veio na partida contra as italianas que valeu a vaga nas oitavas de final. A Capitã Marta, camisa 10, exemplo de talento e perseverança, é a principal jogadora do time e a mais premiada mundialmente. Recebeu o prêmio da FIFA, de melhor jogadora em 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018. Esta é sua 5ª copa mundial e já supera a marca de Pelé, fez 117 gols pelo Brasil e é a maior artilheira das Copas.

Mas o destaque das brasileiras no Mundial não para aí. Em campo, também teremos a árbitra Edina Alves preenchendo o espaço brasileiro, vazio na arbitragem internacional, desde o Mundial de 2003, última vez que uma brasileira apitou os jogos mundiais femininos.

Vale ressaltar que a primeira árbitra brasileira a apitar um torneio de futebol internacional foi Léa Campos que, certificada com pouco mais de vinte anos apitou em 1971, jogo do Mundial na cidade do México. Ironicamente, àquela época o futebol feminino ainda se encontrava proibido entre nós[2] .

Quanto às boas novas, há mais a se destacar. A venda antecipada de ingressos bateu recorde tendo as entradas para a final, semifinais e a partida de estreia entre França e Coreia, ainda em abril se esgotado em 48 horas.

O aumento do interesse pelo futebol feminino e pelo torneio mundial tem sido de tal ordem que as partidas serão transmitidas ao vivo por um grande número de canais esportivos e pela televisão aberta. Entre nós, nos canais da Globo e Band a narração estará a cargo de um time feminino de repórteres. Há a expectativa de uma audiência de 1 bilhão de pessoas em 135 países.

Mas o abismo entre os valores dos prêmios distribuídos entre os jogadores da copa de 2018 e as jogadoras do mundial deste ano, é chocante. A quantia que caberá às vencedoras do futebol feminino não chega a 1% da que foi distribuída aos vencedores da copa masculina do ano passado.

Em todos os setores as mulheres seguem recebendo salários menores que os homens. No esporte não é diferente. Mesmo jogando um bolão, em termos de remuneração os homens continuam ganhando de goleada.

Temos que virar este jogo!!!

[1] Infelizmente na partida de hoje, 13 de junho, não foi possível repetir o feito, desta vez contra a Austrália, que virou o jogo e depois dos dois gols do Brasil, de Marta e Tamires, marcou três e terminou vencedora da partida.

[2] O futebol feminino esteve proibido no Brasil de 1941 a 1980

(*) Gloria Faria é advogada, sócia do escritório MOTTA, SOITO & SOUSA Advocacia Empresarial, Organizadora da Revista Jurídica de Seguros da CNseg.