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Entrevista: Diretor Presidente aborda os desafios e oportunidades do setor

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No começo de seu segundo mandato como Diretor Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Marcondes Martins, apresenta os posicionamentos frente aos desafios e oportunidades do setor de Previdência Complementar Fechada. Em entrevista em vídeo produzida pela Tamer Comunicação, o dirigente aborda as linhas gerais da direção da Abrapp para o próximo período. Em um cenário impactado pela recente aprovação da Reforma da Previdência e pela queda acentuada das taxas de juros do mercado doméstico, os desafios não são pequenos, mas também as oportunidades não páram de se multiplicar para o crescimento de novos planos de benefícios e envolvimento de novos públicos.

A entrevista foi divida em duas partes. O primeiro vídeo focou no balanço dos avanços e conquistas alcançados no mandato anterior da Diretoria da Abrapp (assista aqui). Já a segunda parte mostra a projeção do próximo período. Confira a seguir os principais trechos da entrevista do segundo vídeo (ou clique aqui para assistir na íntegra):

Janela de Oportunidades

"Temos uma janela de oportunidades a partir da Reforma da Previdência e uma necessidade de se reinventar para competir e entregar produtos com a mesma qualidade que já viemos entregando ao longo de nossa história. Temos uma história sólida em nosso sistema, de cumprimento de nossos compromissos. E para ampliar nosso escopo, nós criamos nosso plano família setorial com o objetivo de aumentar a abrangência da proteção previdenciária para um maior número de pessoas. Já temos cerca de 30 planos aprovados."

Atrair o jovem trabalhador

"E agora temos a missão de nos reinventar para chegar ao novo trabalhador, no sentido de conseguir nos comunicar através de aplicativos na palma mão. Não podemos chegar a um jovem digital e simplesmente dizer que temos uma entidade fechada. O sistema nunca esteve tão aberto. Se chegarmos ao jovem para dizer para aderir a um plano de Previdência Complementar. Complementar o que? O INSS? O jovem vai olhar e dizer, peraí. Por mais que a gente explique, por mais que a gente entregue, por mais que o sistema não tenha fins lucrativos, por mais que o sistema tenha mais de 42 anos de entrega dos compromissos, nós temos de entrar em uma nova fase, para atender o fluxo dos novos tempos."

Reforma da Previdência

"Viemos atuando à luz das Leis 108 e 109/2001, que tínhamos uma expectativa muito grande de aperfeiçoar, modernizar e promover o crescimento do sistema. Não foi o que aconteceu, era uma norma mais policialesca. Não veio o crescimento, só tivemos a criação de um fundo patrocinado, em 2010. Faz 10 anos que não se cria uma EFPC por empresa privada de porte no país. Algo deu errado. Dentro da Reforma da Previdência, diante da concorrência que se abre frente a Previdência Complementar dos servidores públicos, o sistema precisa realmente de medidas de reinvenção, nas estruturas de nosso segmento, para competir. Nosso perfil é de longo prazo, de cunho social, devemos ajudar o Estado Brasileiro na solução dos problemas sociais e macroeconômicos, com uma carteira de longo prazo."

Mudança radical

"É por isso que nosso planejamento estratégico vem com uma mudança radical de conceitos. Temos de começar a pensar, o que nos une com os mercados. Como disse, está difícil de morrer, a longevidade está aí. As pessoas vão viver muito mais. Os nossos planos permitem continuar com o risco de morte e invalidez. Acredito que não. Os riscos de morte e invalidez já são terceirizados obrigatoriamente para os planos instituídos. A lei estabelece isso. Então, o segmento precisa ser modernizado, precisa se flexibilizar. Temos de nos tornar os aconselhadores financeiros desse jovem trabalhador. Sermos aglutinadores, passar nossa opinião sobre a poupança de longo prazo."

Poupança de longo prazo

"O conceito de redução do Estado Provedor, em linha com o que defende nosso Ministro da Economia, Paulo Guedes, transfere a responsabilidade para o trabalhador a formação de sua poupança previdenciária. A própria proposta da FIPE-USP que a Abrapp defende, em seu segundo pilar, defendemos o modelo capitalizado com a contribuição do trabalhador e com a contribuição do empregador, com o Fundo de Garantia. O FGTS tem natureza previdenciária, que precisa ter uma gestão profissional. E também defendemos a utilização do PIS para formação da poupança previdenciária."

Proteção ao poupador

"E o poupador precisa estar protegido. Assim como o consumidor também está protegido. Nesse sentido, devemos apresentar dentro de 30 dias uma minuta de projeto de lei de proteção ao poupador previdenciário. Ele contará com mecanismos de proteção de sua poupança previdenciária. Já falamos com o presidente da Câmara Rodrigo Maia e o Deputado Federal Kim Kataguiri para apresentar a proposta."

Taxa de juros baixa

"Dentro de nossa carteira, com perfil de longo prazo, com a queda das taxas de juros, os gestores terão de correr mais risco. Até então, os gestores vinham surfando na onda dos juros altos dos títulos públicos. Agora com o novo cenário, novas alternativas no portfólio terão de ser buscadas. Uma opção que já está sendo acessada é a renda variável, que estava na casa de 12% ou 14% e já está em 18%. Na minha visão, deve chegar a 22% ou até 24% do total do patrimônio. Vamos ver cada vez mais a movimentação para fundos multimercados e também para investimento no exterior. Temos várias entidades com maior apetite a investimentos no exterior."

Autorregulação

"Porém temos de buscar maior segurança também. E para isso a Abrapp, ICSS e o Sindapp criaram a Autorregulação, para buscar uma blindagem da governança corporativa e de investimentos . Precisamos buscar maior segurança para trazer importantes instrumentos, como por exemplo, os FIPs, que precisam estar de volta."

Imóveis

"A Resolução CMN 4.661/2018 definiu que os fundos deverão se desfazer da carteira de imóveis com propriedade direta no prazo de 12 anos. Desde que surgiu essa regra, a Abrapp se posicionou contra. Os imóveis fazem parte de uma carteira de longo prazo. Estamos discutindo entre Abrapp e Previc e Ministério da Economia. A Previc está sensível e deve vir uma solução no prazo de 60 dias."

Economia Real

"Dentro da importância que temos no incremento da poupança de longo prazo, que o Brasil precisa de incentivos, acredito que os investimentos dos fundos devem participar cada vez mais da economia real. Gostaria de ressaltar a importância da profissionalização da gestão dos investimentos das entidades. Queremos ajudar o estado brasileiro na solução dos problemas. E acredito que nós poderemos, simultaneamente, vender melhor nossos produtos para cumprir melhor nosso papel."

Fonte: Acontece Abrapp, em 21.02.2020.