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Dever Fiduciário: Pesquisas mostram evolução gradual do tema ASG entre EFPC

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Por Bruna Chieco

Durante o 2º Seminário Dever Fiduciário, realizado nesta quinta-feira, 10 de junho, pela Abrapp e Sindapp com apoio institucional da UniAbrapp, ICSS e Conecta, foram apresentados alguns highlights da 5ª edição do Relatório de Sustentabilidade das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) referente ao ano de 2020.

O Relatório foi elaborado pela Abrapp a partir de uma consolidação da metodologia GRI (Global Reporting Initiative) em parceria com a SITAWI – Finanças do BEM, e com base no Guia Abrapp para elaboração de relatórios de sustentabilidade para as EFPC. O objetivo do material é promover engajamento do setor em práticas alinhadas ao desenvolvimento sustentável, sendo acima de tudo uma ferramenta para auxiliar as entidades a fazerem o diagnóstico para traçar planos de ação e melhorias em relação à adoção de critérios Ambientais, Sociais e de Governança (ASG) em seus processos decisórios.

Os principais destaques do material foram apresentados durante a palestra ‘As Estratégias ESG das EFPC: Um Mapa Completo e Atual’, com participação de Gustavo Pimentel, Diretor da SITAWI, e Glaucia Terreo, Head GRI Brasil. Pimentel explicou que em 2020, foi conduzido um estudo para definir os temas relevantes para o Relatório Anual da Abrapp, organizado em duas dimensões: investimento responsável e gestão responsável das entidades. O mapeamento ASG completo do setor foi embasado no resultado agregado da coleta de informações, respeitando a segmentação por porte das fundações.

Foram 57 associadas da Abrapp que responderam ao estudo, sendo que elas representam 72,7% do patrimônio do sistema. As entidades foram separadas em três grupos: as de investimentos acima de R$ 10 bilhões; as de investimentos entre R$ 2 bilhões e R$ 10 bilhões; e as de investimentos até R$ 2 bilhões, sendo que mais de dez respondentes possuem patrimônio acima de R$ 10 bilhões.

Investimento Responsável – O levantamento apontou que 71,9% das entidades participantes da pesquisa possuem abordagem de investimento responsável formalizada, sendo que 72,7% com investimentos acima de R$ 10 bilhões são signatárias de iniciativas que promovem o investimento responsável e/ou desenvolvimento responsável.

Gustavo Pimentel destacou que, tipicamente, quanto maior o patrimônio, há maior chance das abordagens de investimento responsáveis estarem formalizadas nas entidades. A pesquisa apontou ainda que cinco entidades possuem equipe ASG própria dedicada a investimentos, e a abordagem qualitativa é a mais implementada para todas as classes de ativos, sendo o tema Governança Corporativa o item mais considerado nos processos de análises de investimentos e seleção de gestores.

Além disso, 19,3% das entidades promovem treinamento em investimentos responsáveis para o staff. Novamente, a Governança Corporativa aparece como o principal tema tratado nessas atividades. A mudança climática continua sendo um tema marginal entre as EFPC, mesmo para quem possui uma abordagem de investimento responsável formalizada. “Internacionalmente, a gente sempre vê clima com destaque grande, principalmente considerando o perfil de longo prazo das carteiras”, disse Gustavo Pimentel. 

Gestão responsável – Na parte de gestão responsável, quanto maior o porte das entidades, maior a tendência delas possuírem comitês de risco estabelecidos. A pesquisa apontou também que 78,9% das entidades possuem políticas relacionadas à gestão de pessoas; 26,3% possuem políticas de diversidade e inclusão; e 47,4% das entidades realizaram pesquisas de satisfação do usuário em relação aos serviços e produtos prestados, com índice, em 2020, maior ou igual a 85,0% nos três grupos.

Gustavo Pimentel pontuou novamente que a questão climática não aparece como os principais riscos não financeiros mais mapeados pelas EFPC e apenas três entidades respondentes realizam alocação em ativos que buscam ter impacto positivo intencional nos temas ASG. “Existe muito espaço para esse tema avançar”, disse Gustavo. 

Em relação à gestão terceirizada, há uma demanda cada vez mais clara e crescente para que os gestores tenham abordagem ASG nas diversas classes de investimento, especialmente em renda variável e investimentos estruturados. Por outro lado, apenas três entidades indicaram publicar seu Relatório de Sustentabilidade.

Fonte: Abrapp em Foco, em 10.06.2021