Crise econômica pelo coronavírus será mais dura para quem investe no curto prazo

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Na manhã de 24 de março, primeiro dia de comércio fechado em São Paulo por causa do coronavírus, o Ibovespa subia 8,94%, a 69.254,02 pontos, e o dólar recuava 0,92%, a 5,091 reais. O movimento era global, motivado, aparentemente, pelo primeiro sinal de diminuição do ritmo de contágios por Covid-19 na Itália e pelo fim da quarentena em Hubei, na China. Nada que compensasse, ainda, a queda 42% do Ibovespa em 2020, até o dia 23 de março.

Enquanto a terrível pandemia não for completamente superada, a volatilidade será a regra do mercado financeiro. Quem investe corre risco, mas quem poupa está protegido. No caso daqueles que mantêm recursos em fundos de previdência complementar, muito mais poupadores do que investidores, não há razão para pânico.

Os fundos de pensão, a exemplo da OABPrev SP, conservam rentabilidade e segurança como prioridades e foco no longo prazo, conforme explica ao OABPrev Informa o economista Hélio Zylberstajn, professor da FEA-USP e pesquisador da Fipe. “Um gestor de fundo de aposentadoria não pode olhar as oscilações na Bolsa no curto prazo. Os investimentos de um fundo desse tipo são essencialmente de longo prazo. Então, ele tem que ter em mente que esta tempestade vai passar. É possível que a Bolsa baixe até mais um pouco, mas em algum momento lá na frente ela vai subir”, avalia.

Para Zylbertajn, “o fato de a Bolsa estar caindo neste momento talvez seja uma oportunidade de adquirir mais ações de empresas que são muito boas, têm um bom futuro e devem estar muito baratas hoje”.

Há lastro histórico nas palavras do economista. Em 2018, quando da greve de caminhoneiros que praticamente parou o país, o Ibovespa baixou 20,24% em 25 dias. A recuperação demorou 165 dias, mas o saldo final, após perdas e ganhos, foi positivo em 11,6%.

Nem o ataque às Torres Gêmeas, em 2001, dilapidou por completo os investimentos. Após registrar queda de 27,9% em 11 dias, o Ibovespa recuperou-se ao longo de 82 dias, para alcançar o saldo final positivo de 9,6%.

“O quadro histórico demonstra que as crises são superadas. Esta crise econômica, que tem origem na economia mundial, mas que foi agravada muito pela pandemia de coronavírus, tende a durar um pouco mais. De qualquer forma, não podemos perder os fundamentos: continuar adotando as medidas que se façam necessárias para minimizar os impactos nos nossos resultados”, afirma Jarbas de Biagi, presidente do Conselho Deliberativo da OABPrev SP

“O momento é voltado para a prevenção, a saúde de todos, sem descuidar desse acompanhamento dos investimentos. Pelo que temos visto, esta crise tende a ser um pouco mais demorada, mas, como as outras, passará”, assevera o dirigente.

A política de investimento da OABPrev SP estabelece que de 80% a 100% dos seus recursos sejam aplicados em renda fixa, de 5% a 15% em renda variável, entre 12% e 15% em fundos estruturados e de 3% a 7% em outros papéis. Em 2019, o plano rendeu 8,91%, ou seja, 149% do CDI, que foi de 5,97%.

Segundo o diretor financeiro da entidade, Marco Antonio Cavezzale Curia, “com a queda da Bolsa, estamos melhorando nossas posições em NTN-B 50 e 55, que já alcançaram 5% de juro real, o que representa uma elevação de quase 20% em relação à taxa pré-crise”. NTNs são títulos do Tesouro atrelados ao IPCA. A OABPrev SP, diz o dirigente, atua cautelosamente quanto à exposição a ativos de risco.

Fonte: OABPrev SP, em 26.03.2020