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Cremesp debate regulamentação da telessaúde e segurança do paciente

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O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) promoveu, na última sexta-feira (17/09), o debate online “Teleconsulta e Segurança do Paciente”, com o intuito de discutir questões referentes à telemedicina, como a regulamentação e os efeitos no atendimento médico.

O evento, que foi transmitido ao vivo pelo canal do YouTube do Cremesp, contou com a participação do primeiro secretário do Conselho, Angelo Vattimo; do coordenador do Departamento de Fiscalização, Daniel Kishi; do cardiologista e fundador da W3.Care, Jamil Ribeiro Cade; do deputado estadual e presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Sérgio Victor, e do coordenador médico do Projeto Regula+ Brasil, do Hospital Sírio Libanês, Stephan Sperling.

Kishi, que foi o responsável por mediar o debate, iniciou o evento ressaltando a importância em falar sobre a teleconsulta, sobretudo no Dia Mundial da Segurança do Paciente, data na qual o evento foi realizado. 

Projeto de telessaúde
Sérgio Victor, em sua apresentação, discorreu sobre o Projeto de Lei n° 758/20, que está em tramitação na Alesp. De acordo com o deputado, o PL visa autorizar e regulamentar a telessaúde no Estado de São Paulo, com o objetivo de aumentar a eficiência do atendimento e melhorar a experiência do usuário na Saúde. 

“Acreditamos ser necessário reformular os processos de atendimento e informatizá-los, para que haja mais celeridade e assertividade”, comentou.

 A importância da implementação do prontuário eletrônico também foi ressaltada por Sérgio Victor, principalmente no que diz respeito aos pequenos municípios do Estado, que sofrem com o redirecionamento recorrente do atendimento médico para cidades maiores, com mais infraestrutura. Segundo ele, esta instituição garantirá a otimização de processos e a organização das informações dos pacientes.

Teleinterconsulta
Jamil Cade falou sobre a teleinterconsulta, usando como exemplo seu projeto de utilização da telemedicina em pacientes com infarto agudo, iniciado em 2014, na zona leste de São Paulo, e foi concluído em 2019. “No projeto, o eletrocardiograma era transmitido via web e, quando ocorria infarto, a equipe recebia alerta pelo celular, o que agilizou o atendimento”, explicou.

Segundo o cardiologista, assim que o paciente era atendido, o socorrista utilizava sistema digitalizado que permitia ver quais hospitais possuíam capacidade de realização de cateterismo.

O projeto, de acordo com Cade, reduziu o índice de mortalidade hospitalar por infarto em 40,8% e o tempo de permanência nas UTIs, gerando uma economia de gastos e um melhor suporte na fase aguda do infarto.

Projeto Regula+ Brasil
“A responsabilidade de um sistema de saúde é oferecer acesso de primeiro contato e possibilidades para que este acesso qualifique as demandas”, ressaltou Stephan Sperling, no início de sua apresentação. Para o médico, para uma boa intervenção médica é necessário que a demanda esteja qualificada, para um adequado encaminhamento.

Sperling falou sobre o Projeto Regula+ Brasil, o qual coordena, explicando que o mesmo atuou no momento em que o médico da família optou por ir além da atenção primária. O médico salientou a necessidade de se compreender que este profissional encaminha consultas, e não pacientes, de modo que, para isso, o prontuário do paciente desempenham papel fundamental, pois permitem que o tratamento proposto por outro médico seja mais assertivo.

Regulamentação
Finalizando a programação, Angelo Vattimo chamou atenção para o fato de que, por mais que o uso da tecnologia seja inevitável, ele deve ser feito de modo ordenado e regulamentado. 

“Mesmo com os avanços tecnológicos, nós não estamos reinventando a Medicina. Pode haver mudanças em relação ao tratamento e à abordagem, mas os fundamentos éticos da boa prática médica permanecem, sendo a tecnologia um facilitador”, enfatizou.

O primeiro secretário do Conselho também discorreu sobre o papel fiscalizatório da autarquia, que visa preservar os pilares da prática médica, de modo que seja possível disponibilizar os melhores meios em prol do paciente.

Outro ponto destacado por Vattimo refere-se ao sigilo das informações, considerado um dos princípios éticos da profissão, que pode ser colocado em cheque caso o uso da tecnologia não seja feito de maneira correta e segura. 

“Cabe lembrar que não existe inteligência artificial total. Precisamos de médicos bem formados qualificados, nas duas pontas, para saber fazer o encaminhamento adequado do paciente”, ressaltou.

Ao final das exposições, os palestrantes responderam dúvidas dos espectadores sobre os temas abordados.

O debate online está disponível, gratuitamente, no canal do YouTube do Cremesp (https://www.youtube.com/watch?v=P_nwCUVOtaE&feature=youtu.be)

Fonte: Cremesp, em 22.09.2021