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Cenário atual e perspectivas do sistema são apresentados em evento da Fundação Itaú Unibanco

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Por Bruna Chieco

O Superintendente Geral da Abrapp, Devanir Silva participou nesta quinta-feira, 28 de outubro, do 25º Encontro das Associações, Conselheiros e Comitês de Planos da Fundação Itaú Unibanco. Reginaldo Camilo, Diretor Presidente da Fundação, destacou que o objetivo do evento é disseminar a educação previdenciária. “Vivemos muitas mudanças na Previdência Complementar Fechada ao longo dos últimos 40 anos. Agora temos uma curva de aprendizado com a velocidade dessas mudanças, e nosso sistema deve se adaptar. Temos que ser agentes dessa mudança”, disse.

Em sua apresentação, Devanir Silva promoveu uma discussão com o tema ‘O que mudou? Impactos no sistema e expectativa pós crise’. “Já passamos por algumas crises, mas essa foi a maior delas. O sistema está vocacionado para o longo prazo, ele foi afetado, mas estamos caminhando para a superação”, destacou.

Em junho deste ano, o sistema, que soma R$ 1,14 trilhão em ativos, representando 14,1% do PIB do Brasil, teve superávit acumulado de R$ 19,1 bilhões. Em março de 2020, no ápice da crise, o sistema contabilizava um déficit de R$ 59 bilhões. “Aquele era um momento crucial. Como iríamos adiante?”, disse Devanir, reiterando que pela natureza de longo prazo do segmento, nenhum ativo depreciado foi vendido, o que permitiu com que o déficit fosse revertido já no final do ano passado.

O Superintendente Geral da Abrapp destacou que a distribuição do patrimônio das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) ainda tem maior concentração em renda fixa (71,7%); com 20,4% em renda variável, sendo que demais ativos como estruturado e exterior estão crescendo na carteira das entidades.

Rentabilidade – As projeções de rentabilidade para as EFPC em 2021 estão divididas em três cenários, podendo alcançar 6,27%,10,68% e 12,73% dependendo do desempenho da bolsa no ano. O primeiro e o segundo cenário ainda deixariam as entidades abaixo da meta atuarial, calculada em 11,36%. Mas Devanir Silva destacou que o mais provável é que o segundo cenário se concretize, com maior equilíbrio das carteiras, mas ainda abaixo da meta.

Devanir lembrou que é importante, ao falar em Previdência Complementar Fechada, olhar para o filme, e não apenas a foto do momento. Assim, ao pegar uma série mais longa, com o desempenho desde 2003 até o momento, os resultados ficam acima da meta atuarial. Ele destacou que o nível de solvência do sistema no Brasil está acima de muitos países. “Pagamos uma folha de benefícios anual de R$ 70 bilhões”, reiterou.

Novo modelo de negócio – “O mundo mudou radicalmente. O nosso modelo está sendo repensado. Deixamos de ter participantes para ter clientes”, disse Devanir Silva, reiterando que essa mudança de mindset fez com que as fundações passassem a pensar em novos produtos focados no jovem trabalhador.

O primeiro produto decorrente dessa mudança de mentalidade foi o PrevSonho, que dá a possibilidade do participante antecipar a renda, podendo criar maior engajamento aos planos. O Fundo Setorial Abrapp também foi uma novidade, permitindo que as Associadas criem seus Planos Família. Hoje são 34 entidades com esse planos, com patrimônio acima de R$ 500 milhões, beneficiando 80 mil pessoas, podendo chegar a 500 mil participantes e R$ 2 bilhões em patrimônio em 2022.

Devanir lembrou, contudo, que ninguém cresce se não investir no próprio negócio, e hoje as EFPC têm uma limitação para realizar esse investimento. Por isso, é preciso ter uma flexibilização dos Planos de Gestão Administrativa – PGA das entidades. “Queremos que esses PGAs sejam integrados na entidade, se tornando coletivo e dando musculatura para a fundação investir no seu negócio”, disse.

A previdência dos entes federativos também traz uma nova perspectiva de crescimento para o sistema. Decorrente da Emenda Constitucional nº 103/2019, há uma obrigatoriedade para que estados e municípios implantem um Regime de Previdência Complementar, o que deve ser regulamentado a partir de um Projeto de Lei Complementar que foi amplamente discutido e inclui outros pontos importantes, como inscrição automática, Planos Família, Planos Instituídos Corporativos, segregação patrimonial e manutenção da identidade privada das entidades.

Cenário – “Atravessamos uma crise e demonstramos muita resiliência por essa visão de longo prazo, porque tínhamos liquidez, sendo que todos os benefícios foram pagos, e não houve nenhuma necessidade de venda de ativos. A governança das entidades e o engajamento com os participantes foi positivo”, disse Devanir Silva, reiterando que a proatividade do sistema durante a pandemia foi muito positiva, com a Abrapp levando diversos pleitos e pautas para discussão no Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) e na Previc.

Mas o momento é desafiador. Com alta inflação, perspectiva de longevidade cada vez maior, e taxa de juros que está crescente no momento, o sistema deve lidar ainda com uma mudança de mindset, passando a ter uma visão de negócio. Para isso, a qualificação profissional é essencial e a profissionalização é de suma importância, reforçou Devanir Silva, o que é reforçado a partir dos Códigos de Autorregulação em Governança de Investimentos e Governança Corporativa, e um terceiro, sobre Qualificação e Capacitação de profissionais, está sendo elaborado. “O sistema está aquecido, é atrativo, e é necessário cada vez mais termos profissionais qualificados”, disse.

Com o novo perfil do trabalhador, as entidades também precisam focar no gerenciamento de riscos, com práticas de sustentabilidade, tendo a seu favor a solvência e cumprimento de finalidade. “Nosso DNA é previdenciário”, lembrou Devanir Silva, reiterando que todos os gestores serão influenciadores da construção de patrimônio para entrega de renda qualificada. “Vejo a janela de oportunidade, porque a longevidade está aí. Nosso papel na formação de poupança previdenciária é muito importante”, complementou o Superintendente Geral da Abrapp.

Fonte: Abrapp em Foco, em 28.10.2021.