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CFM debate com a Abramede o fortalecimento da Medicina de Emergência

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O fortalecimento da Medicina de Emergência foi debatido na tarde desta quinta-feira (17) em reunião entre o 1º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes, e o 2º secretário, Estevam Rivello, com a presidente e o secretário da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), Camila Lunardi e Ian Ward. A presidente da Abramede explicou que como a normatização sobre o atendimento nas emergências é anterior à criação da especialidade, muitos serviços não incluem o médico emergencista nos editais de seleção de pessoal.

“Infelizmente, alguns serviços não têm valorizado o especialista, que muitas vezes é confundido com o generalista. O resultado é que a população está sendo colocada em risco, apesar de termos profissionais com formação específica para fazer o atendimento nas emergências”, argumentou Camila Lunardi.

Emmanuel Fortes colocou o CFM à disposição para apoiar a Medicina de Emergência e pediu para que a Abramede apresente estudos que possam embasar as decisões da autarquia. “Acredito que a especialidade tem um grande potencial de crescimento e estamos dispostos a ajudá-los no que for preciso, sempre levando em consideração o embasamento científico”, afirmou.

Estevam Rivello, que também é coordenador da Câmara Técnica de Medicina de Emergência do CFM, ressaltou o trabalho que a Abramede tem feito para qualificar a atuação do especialista e sugeriu algumas linhas de ação para o fortalecimento da especialidade, para que os especialistas se sintam pertencentes e representados pela Associação. “A Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) e Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) são dois exemplos bem-sucedidos de sociedades médicas que aproveitaram bem o potencial de crescimento que tinham”, exemplificou.

Ian Ward apresentou o estudo “Eventos adversos na peri-intubação e desfechos clínicos em pacientes do Departamento de Emergência”, que foi apresentado por ele para receber o título de doutor stricto sensu pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O estudo, que analisou 2.846 pacientes, mostra que 45% dos intubados morreram em 28 dias e que esse índice diminuiu quando houve sucesso na primeira tentativa de intubação.

“Também constatamos que quando é o médico emergencista quem faz a intubação, as chances de sucesso na primeira tentativa são maiores”, acrescentou Ian Maia. Emmanuel Fortes elogiou a qualidade da pesquisa e disse que trabalhos semelhantes ajudam a fortalecer a especialidade e podem embasar decisões futuras do CFM.

Violência – Os representantes da Abramede também apresentaram o resultado de uma pesquisa sobre a violência sentida por profissionais de saúde em unidades de emergência. Das 769 pessoas que responderam ao questionário anônimo, 80% responderam que sofreram algum tipo de agressão, sendo que 12% relataram ter sofrido violência física e 40% que presenciaram colegas sendo agredidos.

Dos que sofreram agressão, 88% apresentaram sintomas sugestivos de estresse pós-traumático e 10% precisaram se afastar do trabalho após o episódio. Desses, 1% teve de se afastar de forma definitiva. 65% dos que responderam a pesquisa relataram que suas instituições não possuem medidas preventivas contra a violência.

Para Emmanuel Fortes, os dados são preocupantes, pois mostram o quanto os profissionais estão expostos. “Infelizmente, as unidades de saúde têm apenas proteção patrimonial, o que acaba deixando médicos, enfermeiros e demais agentes de saúde desprotegidos”, afirmou.

Estevam Rivello reafirmou a necessidade de aprovação do projeto de lei 3.677/24, que tornam mais rígidas as penas para quem agride profissionais da saúde no exercício da função. “Esta pesquisa da Abramede é muito importante, pois vai ao encontro de levantamento realizado pelo CFM junto às Polícias Civis, o qual mostra que a cada três horas um médico é agredido no Brasil”, argumentou.

Fonte: Portal CFM, em 18.07.2025.