Associação Nacional das Resseguradoras Locais

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Por Antonio Penteado Mendonça

Antonio-Penteado-MendoncaAcaba de ser criada a Associação Nacional das Resseguradoras Locais. Faz todo o sentido. A lei que abriu o monopólio do resseguro no Brasil criou três tipos diferentes de resseguradoras autorizadas a operar no país. Resseguradoras locais, admitidas e eventuais. Cada uma tem determinado grau de exigência e, de outro lado, uma capacidade diferente para aceitar riscos no Brasil.

Entre as mais de cem resseguradoras autorizadas a operar, 16 são resseguradoras locais, ou seja, são empresas regularmente registradas como companhias brasileiras, sob as regras da legislação brasileira e com as vantagens de serem empresas nacionais, de acordo com a lei.

Além delas, o país tem perto de 36 resseguradoras admitidas e 80 eventuais. Todas têm limites definidos na legislação, o que, pelas exigências para cada modalidade de operação, evidentemente, favorece as resseguradoras locais.

Entre as resseguradoras locais, onde o IRB Brasil RE é a sensação, existem companhias de capital nacional e outras com controle estrangeiro. Entre estas estão algumas das principais resseguradoras internacionais, mas nenhuma delas, até agora, se destacou pelo apetite ou pelo desempenho diferenciado. Tanto é assim que quem faz a diferença é o IRB, que imaginavam que naufragaria, comido vivo pela concorrência, mas que vem se mostrando um campeão, responsável pela maior parte do lucro consolidado da atividade.

Criada por apenas 4 das 16 resseguradoras locais, a Associação Nacional das Resseguradoras Locais tem um longo caminho pela frente, mas deve crescer rapidamente, inclusive porque entre as fundadoras está o IRB Brasil Re, peça chave no jogo entre seguradoras e resseguradoras no país.

Ela não é uma peça isolada no tabuleiro. Faz parte e deve agir em sintonia com as demais organizações representantes dos interesses das resseguradoras que operam no Brasil, da CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras e Resseguradoras) para baixo.

A ideia é fortalecer a posição das resseguradoras locais, discutindo, apoiando e criando condições para a ação em bloco na defesa dos interesses específicos deste segmento do mercado.

O fato da Associação ter sido criada por apenas 4 resseguradoras com capital nacional não deve ser visto como um divisor de águas entre elas e as resseguradoras locais controladas pelo capital estrangeiro.

A proposta não é esta. Ao contrário, a ideia é que, com o tempo, as demais engrossem suas fileiras, permitindo que a massa de prêmios de resseguros administrada por elas faça diferença na defesa de seus interesses.

A operação de resseguro é um segmento específico da atividade seguradora, mas isso não significa que seja limitada a determinados parâmetros obrigatórios para todos os players. E esta situação fica mais elástica no Brasil, onde a lei que autoriza e normatiza seu funcionamento criou três tipos diferentes de companhias autorizadas a operar no país.

Por conta disso, nem sempre o que interessa para as resseguradoras locais interessa para as admitidas ou para as eventuais. A Associação Nacional das Resseguradoras Locais terá a tarefa de defender os interesses deste segmento do mercado, atuando em nome delas junto às autoridades e entidades do setor de seguros.

Em época de redes sociais conectando milhões de pessoas, o compartilhamento, a interação, a interligação e as soluções conjuntas se sobrepõem de forma indiscutível ao indivíduo e às soluções isoladas. Para que haja a convergência necessária ao aprimoramento é indispensável que haja fóruns para os debates de cada tema, de cada setor, de cada posição.

A criação da Associação Nacional das Resseguradoras Locais vai nesta linha e soma na busca das soluções maiores indispensáveis para que o Brasil tenha o setor de seguros que seu tamanho e sua pujança exigem.

Ainda há muito a ser feito, o que faz do país um dos derradeiros mercados com forte capacidade de crescimento para a atividade seguradora. Essa realidade é conhecida e é um convite para empresas e profissionais brasileiros e estrangeiros entrarem no mercado. Quanto maiores forem os desafios, mais afinados deverão estar os players. Afinal, se cada um remar para um lado, no final perdem todos.

Fonte: SindSegSP, em 05.08.2016.