A atual (in)segurança cibernética brasileira

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No segundo dia do Congresso Security Leaders, realizado ontem e hoje na Fecomercio, Raphael Mandarino Jr, que implantou e dirigiu nos últimos oito anos o Departamento de Segurança da Informação e Comunicações da Presidência da República, abordou o atual cenário de segurança cibernética brasileira, ou como ele prefere, a insegurança nacional.

Em sua opinião, o atual clima de insegurança se deve à vários fatores, como o uso de equipamentos pessoais no ambiente de trabalho e a falta de consciência entre os colaboradores, por exemplo. “Na última reunião dos BRICS, o governo russo presenteou todos com um brinde: um pen drive. E as autoridades espetaram o presente em seus computadores e ele estava infectado”, disse.

Mandarino também fez outro teste para avaliar o nível de maturidade em relação à Segurança da Informação, desta vez, entre os mais jovens, na Campus Party. Ele deixou centenas de pen drives em uma mesa à disposição do público. “Conseguimos mapear que a grande maioria plugou o dispositivo e usou normalmente”, afirmou.

O especialista também fez observações referente às Leis brasileiras. “Toda a legislação dos últimos anos é ideológica e não técnica. Aliás, os técnicos foram afastados das discussões, tanto que a lei Carolina Dickmann está em atividade há três anos e nunca prendeu ninguém”, ressaltou.

Outro tema abordado pelo executivo foi a suposta guerra cibernética entre o grupo Anonymous e o Estado Islâmico. “Não acredito nessa pseudo-guerra. Tirar cinco mil contas do ar não significa nada, afinal, quanto tempo leva para criar outras tantas contas?”, questionou. E complementa: “não conheço nenhuma ação que justifique um terrorismo cibernético hoje”.

Uma comparação bastante interessante feita por Mandarino foi entre a indústria aérea e a tecnológica. Um gráfico trouxe uma linha do tempo com a origem de cada uma e o valor de mercado de algumas organizações de ambos os lados. “É incrível como as aéreas investem muito mais em Segurança se comparadas às empresas de tecnologias mesmo tendo um valor de mercado bem inferior”, pontua.

Com a proximidade dos Jogos Olímpicos, a segurança cibernética também foi questionada. “Os jogos olímpicos trazem desafios maiores que a Copa do Mundo em muitos aspectos, mas eu não tenho dúvidas que o Exército irá fazer a lição de casa e tudo irá transcorrer sem grandes problemas”, conclui.

Fonte: Risk Report, em 19.11.2015.